segunda-feira, 5 de julho de 2010

Drogas: Assim como os usuários, as famílias ficam presas no martírio

A EDUCAÇÃO FAMILIAR INFLUÊNCIA
NA VIDA DE QUEM INICIOU NAS DROGAS?
Além de sofrer com as drogas, o viciado leva sofrimento para toda a família. Tentando amenizar este problema, o Governo de Três Rios dá assistência aos familiares de usuários de drogas. Outro grupo importante existe no bairro da Vila Isabel. Onde parentes se reúnem semanalmente para relatar curiosidades, sofrimentos, conquistas e decepções do processo de recuperação dos drogados.
Maria* é uma das participantes. O filho se envolveu com drogas ainda na adolescência, mas a família só descobriu quando o rapaz já estava completamente envolvido no mundo ilícito. De lá para cá, foram três internações em casas de recuperação, sumiço de objetos em casa, brigas, bebedeiras e ofensas verbais.
“É triste para os pais reconhecer que em determinado momento falhamos na formação de um indivíduo. Os pais sempre querem o melhor para os filhos e perceber que ele escolheu este caminho feio é decepcionante”, lamenta.
Felizmente, o filho de Maria percebeu o mal que estava buscando para sua vida e resolveu dar uma guinada. Embora reconheça que não esteja sendo fácil. “Eu já tentei três vezes (casas de internação) e não consegui. Mas, não foi por falta de vontade. Ele (vício) foi mais forte do que eu”, justifica o rapaz, hoje com 25 anos.
O mesmo reconhece a importância da família neste processo de recuperação. “Não sei o seria da minha vida se meus familiares tivessem desistido de mim. Eles sempre me apóiam, me incentivam e, sabem que a luta é dolorosa, mas estão comigo sempre”, orgulha-se.
Já Catarina* ainda não teve esta sorte. Seu irmão continua consumindo drogas, apesar de toda insistência dos familiares para abandonar o vício. “Olha, eu só tenho uma coisa pra te falar: é triste. Muitas vezes, a gente trabalha o mês inteiro e no fim do mês vem ‘bandidinho’ cobrar pela compra que ele fez. Algumas vezes já deixamos de pagar e ele apanha. Leva surra mesmo, de ficar todo machucado. Na semana passada, por exemplo, apanhou tanto que chegaram a quebrar o dedo dele. Eu acho que ele já tentou parar, mas como viu que não é tão fácil, acho que desistiu. E a gente fica neste sofrimento. Não sei até quando vai”, resumiu.
Segundo ela, a audácia dos traficantes é tanta que eles entram na casa deles para pegar eletrodoméstico, ou outros itens de valor para quitar a dívida. “E o pior: nem adianta acionar a polícia, porque a situação é complicada né?”, resumiu a história.
O importante é ressaltar que, embora autoridades desenvolvam trabalhos preventivos ou de repressão, o tráfico de drogas está crescendo em Três Rios. Nestes dias, tivemos contato com um menor de idade, que vende drogas em bairros periféricos. Também conhecemos alguns adolescentes, que são levados para o Rio de Janeiro, ‘desenvolver’ trabalhos. Estes passam temporadas em favelas cariocas e retornam à Três Rios.
Assim como o entrevistado da edição de ontem, cremos que desenvolver políticas verdadeiras, voltadas para o controle e conscientização dos jovens é o mais adequado.

* Maria e Catarina são nomes fictícios, utilizados pela equipe de reportagem do Entre-Rios Jornal para preservar o indivíduo. 

Autor: Angélica Garcia

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