segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vinicius Farah: Risco para o Rio Paraíba

Nem mesmo em São Paulo o governo estadual conta com apoio irrestrito a sua proposta de desviar o curso do Rio Paraíba do Sul, para resolver o problema de água da região metropolitana da capital — a sexta maior cidade do mundo, hoje com quase 20 milhões de habitantes – nos próximos 30 anos.

Em debate realizado na Câmara Municipal de São José dos Campos, cidade a 91 quilômetros da capital, ambientalistas e autoridades da região se mostraram preocupados com as possíveis sequelas da transposição do Rio Paraíba do Sul. Hoje, o rio fornece água para 14 milhões de pessoas em São Paulo, Minas Gerais e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

O primeiro grande problema é a diminuição da vazão da parte do rio que atravessa diversos municípios dos três estados, o que compromete o desenvolvimento e o crescimento deles. Há limites para a sua generosidade em saciar a sede dos homens, abastecer indústrias e molhar propriedades rurais, embora percorra 1.120 quilômetros, drene 57 mil quilômetros quadrados e banhe 180 cidades — 53 delas no Rio de Janeiro.

O Rio Paraíba do Sul fornece água, mas, em troca, recebe o esgoto da maioria dos municípios que atravessa, possuindo níveis absurdos de poluentes, entre os quais estão metais pesados. Isso desequilibra seu ecossistema.

Se você retira parte da água, com a transposição, a poluição tende a aumentar, comprometendo o abastecimento. Um rio sujeito a poluição está condenado à morte. A proposta de transposição prejudica irreparavelmente o Rio de Janeiro. Corremos o risco de ficar sem água e, depois, no escuro, por falta de energia, cantando a marcha de Carnaval que dizia: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz, de dia falta água, de noite, falta luz”.

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