quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Coluna "Integração, Política e Cultura" com Douglas Ribeiro


JUVENTUDE E CULTURA

Não é possível refletir sobre o jovem isolando-o da sociedade em que está inserido. As relações sociais existentes na sociedade imprimem as suas marcas culturais as quais definirão como o perfil do adolescente irá se configurar resultando daí a base para a vida adulta.
Vários autores alertam que existem diferentes juventudes, a depender da situação, vivências, referências subjetivas e grupais e identidades sociais. Para Bourdieu (1984, apud Castro e Abramovay, 2005, p. 58) o conceito de juventude é construído socialmente, não se podendo falar do jovem como se ele fosse uma unidade social, um grupo constituído com interesses comuns.
Castro e Abramovay (2005, p. 58) salientam que o conceito de juventude é, em principio provisório. Geralmente se refere ao corte de 15 a 24 ou de 15 a 19 anos (conceito demográfico com aportes de psicologia, da antropologia e da sociologia).
Mas o que proporcionará uma maior compreensão da multiplicidade do real é o aprofundamento da análise e a compreensão sobre significados, construções simbólicas, relações sociais estabelecidas pelos jovens, identidades elaboradas com base em gênero, estrato socioeconômico, raça e etnicidade, entre outras referências.




O reconhecimento de que existem juventudes possibilita uma discussão sobre as representações sociais a respeito dos jovens na contemporaneidade. É preciso admitir que há diferentes formas de considerar os jovens, como há diferentes maneiras de eles se afirmarem como sujeitos, levando em conta, inclusive, diferentes organizações sociais de referência, a exemplo da escola, a família, o Estado e a mídia.
Conforme Saito (s.d.), a adolescência é um período extremamente relevante para a construção do sujeito individual e social, devendo ser, porém, considerada sua vulnerabilidade e risco. Segundo essa mesma autora, “a adolescência é praticamente única, singular para cada um” o que a diferencia da puberdade, fenômeno que ocorre com muita semelhança em todos os indivíduos.

Geralmente essa singularidade não é levada em conta quando se depara, principalmente, com aqueles jovens considerados problemáticos no seu grupo social. A depender da história de vida e dos hábitos culturais adquiridos, cada jovem se vê como ser único e irá reagir de maneira diferenciada de outros da mesma idade frente aos desafios e acerca das cobranças dos adultos. A relação dos jovens com a sociedade pós-moderna se dá de modo um tanto conflituoso uma vez que prevalecem os estereótipos destes como incapazes, rebeldes e, muitas vezes, irresponsáveis. Mas, se de um lado, eles aparecem como seres problemáticos que transitam entre a infância e a vida adulta; por outro, transformaram-se num”objeto de desejo” da indústria cultural. É um processo que se fortaleceu a partir da década de 1990, quando as empresas responsáveis pelas pesquisas de mercado saíram “à caça” das tendências de consumo.
Fontenele, 2004, p. 63) afirma que essas empresas tentam fazer uma mediação mais direta entre uma forma de expressão cultural – especialmente da cultura jovem – e uma prática de consumo. Em outras palavras, transformar cultura em mercadoria. Desse modo, os jovens passam a ser considerados os “nichos” do mercado, pois inspiram tendências para as quais eles mesmos serão os consumidores.
Coluna "Integração, Política e Cultura"
com Douglas Ribeiro

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