segunda-feira, 27 de julho de 2009

O louco


No pátio de um manicômio encontrei um jovem com rosto pálido, bonito e transtornado. Sentei-me junto a ele sobre a banqueta e lhe perguntei:
- “Por que você está aqui?”
Olhou-me com olhar atônito e me disse:
- “É uma pergunta pouco oportuna a tua, mas vou respondê-la.

Meu pai queria fazer de mim um retrato dele mesmo, e assim também meu tio. Minha mãe via em mim a imagem de seu ilustre genitor. Minha irmã me apontava o marido, marinheiro, como o modelo perfeito para ser seguido. Meu irmão pensava que eu devia ser idêntico a ele: um vitorioso atleta.

E mesmo meus mestres, o doutor em filosofia, o maestro de música e o orador, eram bem convictos:
cada um queria que eu fosse o reflexo
de seu vulto em um espelho.
Por isso vim para cá.
Acho o ambiente mais sadio.
Aqui pelo menos posso ser eu mesmo”.
(Kahlil Gibran. Para além das palavras)

As vezes nossos pais e familiares, sonham para nós os seus sonhos, ora que fora frustrado pela realidade, ora pelo simples fato de sonhar com uma vida mais digna e justa, num pais igual ao Brasil.
Eles tentam de alguma forma influenciar a escolha profissional de seus filhos.

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