terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“Paraíba do Sul não se preparou para o desenvolvimento”

Em entrevista ao ENTRE-RIOS JORNAL, vereador Marcinho analisa a situação econômica do município e aponta caminhos para alavancar o desenvolvimento
 
“Paraíba do Sul não se preparou para o desenvolvimento”. A constatação é do vereador Marcinho, que na tarde de ontem (15) concedeu uma entrevista exclusiva ao ENTRE-RIOS JORNAL. Na ocasião, Marcinho analisou a situação econômica do município nos últimos anos e apontou caminhos que possam levar a cidade ao tão sonhado desenvolvimento e à geração de empregos. Para o vereador, o fato de Paraíba do Sul ter visto diversas empresas irem se instalar em outros municípios após baterem à sua porta buscando oportunidades se deve à falta de planejamento de governos anteriores e à alta carga tributária municipal. Ele afirmou que o município perdeu o “boom”, mas que é preciso olhar para frente e tomar medidas para que a estagnação não se transforme em um processo definitivo.
 
ENTRE-RIOS JORNAL – O município de Três Rios, por exemplo, tem o mesmo incentivo fiscal de 2% no ICMS que Paraíba do Sul. Como se explica o fato de mais de 800 empresas terem se instalado na cidade vizinha e Paraíba do Sul não ter atingindo nem 5% desta marca?
 
Vereador Marcinho – Muitas destas empresas que se instalaram na região também estiveram em Paraíba do Sul estudando a possibilidade de lá se instalarem. Só que ocorreu uma série de fatores para elas não ficarem no município. Primeiro a questão de local. Enquanto as administrações trirrienses passaram de 10 a 15 anos desapropriando e preparando áreas para receberem indústrias, o município de Paraíba do Sul não preparou um terreno sequer. Outro fator desestimulante é a falta de incentivos nos tributos municipais. Paraíba do Sul tem a maior carga tributária municipal da região. O ISS sul-paraibano é altíssimo, de 5%, enquanto nas cidades vizinhas onde os empregos estão chegando é de 2%. Além disso, cobra-se TLL, IPTU, enfim, é a maior carga tributária municipal da região e isso espanta o empresário que vai utilizar a economia que os outros municípios oferecem através de incentivos fiscais para investir ainda mais na empresa. E um terceiro ponto é ter uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico antenada e com condições de trabalho. Nos dois últimos anos o secretário Márcio Simões vem até buscando desenvolver um bom trabalho, mas se o gestor municipal não der condições de trabalho, fica difícil.
 
ENTRE-RIOS JORNAL – E a Secretaria de Indústria e Comércio de Paraíba do Sul tem esse apoio?
 
Vereador Marcinho – Quando se analisa o orçamento do município percebe-se que geração de empregos não é prioridade em Paraíba do Sul. O valor destinado para a pasta Indústria e Comércio é o menor, não tem dinheiro para nada, tirando o salário do secretário e da equipe, não deve sobrar nem R$ 300,00 por mês para investir na geração de renda e emprego. Se não fosse a boa vontade do secretário Márcio, de sua equipe e o apoio que o CDL dá, a situação estaria ainda pior.  
 
ENTRE-RIOS JORNAL – E a instalação da Lemgruber e as futuras instalações da MRS, não são pontos positivos?
Vereador Marcinho – Claro que sim. Para você ver como Paraíba do Sul tem potencial para receber grandes e médias empresas. Mesmo sem dar qualquer incentivo e atrativo as empresas querem e vem por conta própria se instalar aqui. Agora imagina se reduzirmos nossa carga tributária, se prepararmos mais áreas para recebê-las e dermos condições para a Secretaria de Indústria e Comércio trabalhar, se criarmos uma companhia de desenvolvimento para o município? Se assim fizermos, ao invés de duas poderíamos ter instalado mais de duzentas como aconteceu com os municípios vizinhos.
 
ENTRE-RIOS JORNAL – Quais as saídas para Paraíba do Sul atrair novas empresas?
 
Vereador Marcinho – A primeira coisa que deve ser feita é dar atenção às empresas que já estão instaladas. A Globo Aves, por exemplo, gera 250 empregos diretos e não tem a infraestrutura de que precisa: quando chove tanto caminhões quanto ônibus de empregados ficam agarrados e quebrados. A Rograne, que gera aproximadamente 200 empregos diretos, é outra que sofre por causa de apenas 800 metros de estrada que há uma década prometem asfaltar e não fazem. Precisa reduzir a carga tributária municipal, desapropriar terrenos na Barrinha e em Barão de Angra (BR 393) para se criar distritos industriais, transformar a geração de emprego e renda em uma prioridade no município, criar uma companhia de desenvolvimento dando condições para a Secretaria de Indústria e Comércio trabalhar. 
 
ENTRE-RIOS JORNAL – E qual papel da Câmara de Vereadores nesta redução da carga tributária? Ela pode legislar neste aspecto?
 
Vereador Marcinho – Tem de ser um projeto de iniciativa do Poder Executivo, juntamente com o estudo do impacto econômico e financeiro, para só depois a Câmara aprovar. Eu mesmo tenho diversas indicações e ante-projetos solicitando estes incentivos fiscais. Se o executivo mandar hoje o projeto de incentivo fiscal tenho certeza que a Câmara aprova imediatamente.

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